O pequeno caderno

No início era só mais um dentre os outros milhões de cadernos. De fato era um belo caderno, todo em branco, e na capa continha um nome, mas não consigo recordar-me qual era. Passado alguns anos, passeando por uma praça, por um acaso, ao sentar-me para descansar, reconheci aquele belo caderno de uns anos atrás. Ele estava ali ao meu lado, no mesmo banco, agora, com bastante páginas escritas e outras em branco. Haviam várias histórias, a maioria muito comuns, parecia muito com um diário, até que ao folhear o pequeno caderno, notei que em uma página, as letras estavam escritas em maiúsculas e negritadas, dando um destaque excepcional a história daquela página. Logo, percebi que não era só uma página, mas dezenas ou até mesmo centenas. Eram momentos lindos, que creio eu, alguém tinha vivido. No entanto fiquei encabulado ao perceber que dentre essas páginas destacadas, haviam algumas histórias diferentes. Histórias que eu não me orgulharia. Nunca as escreveria, muito menos destacaria...

Mas em nossa vida é assim, infelizmente, não são só os momentos bons que ficam guardados, os ruins sempre ficam em algum lugar de nossa mente. Metaforizando com o pequeno caderno, sempre ao nascermos, ganhamos um lindo caderno, todo em branco, como nosso nome na capa, e nele são armazenadas todas nossas experiências, desde a mais fútil até as mais emocionantes.
E no decorrer da vida, existem momentos nos quais ficamos emocionalmente abalados e, às vezes, até fisicamente, existem momentos em que somos enganados, humilhados, momentos em que sofremos muito por algo. E dificilmente os esquecemos, eles ficam lá, destacados em nosso caderno, escritos em maiúsculas,  da mesma forma que as belas histórias.
Muitas vezes tentamos apagar essas terríveis histórias e como não conseguimos, simplesmente fingimos que elas não existiram. Mas, não é fácil mantê-las ocultas a todo momento, sempre há alguém que tenta nos fazer lembrar daquela página do caderno, sempre alguém que questiona o porque daquilo estar escrito no belo caderno. E também há aqueles que nos querem fazer escrever histórias muito piores!
Muitas vezes podemos ficar com receio de errar novamente, de ter mais destaque inadequado no pequeno caderno, mas não podemos ficar eternamente "escondidos" da vida. A vida é curta demais, é pequena. Temos que errar e aprender, temos de ser alunos e professores ao mesmo tempo. Não é porque falhamos que desistiremos. Temos que ser forte para superar o passado.
Por mais difícil que seja ser forte, temos que conseguir, independentemente de como. Não podemos fraquejar diante do mal, e se não conseguirmos sozinhos, sempre há alguém que pode nos ajudar, temos que encontrar forças, em Deus, nos amigos, em uma entidade, em uma pessoa, em um profissional, em um amor verdadeiro, na família ou seja lá em que for. 
Nosso pequeno caderno ainda tem páginas em branco, vamos deixá-lo com belas histórias daqui para frente. Sem medo de errar, acreditando no impossível e vivendo a vida como tem que ser vivida. Vamos escrever belas histórias e aprender com as ruins. Como diria Chaplin: "Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante". Temos que conseguir ser felizes daqui para frente, digo e repito: Não Desista, você tem um lindo caderno em suas mãos, deixe-o mais belo ainda! Acredite, você pode!

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