A Vida é uma Rodovia: Você Está Construindo sua Passarela?
Há momentos em nossas vidas em que nos sentimos insatisfeitos com o caminho que seguimos. Parados à beira de uma rodovia movimentada, olhamos para o outro lado e imaginamos que seríamos muito mais felizes se simplesmente pudéssemos atravessar. "É logo ali, do outro lado da pista, é lá que eu quero estar." Mas, ao observar o fluxo incessante de carros passando, sentimos que nunca conseguiremos atravessar essa turbulência.
No entanto, para tudo na vida, é preciso persistência—mas uma persistência inteligente. Ficar parado, esperando a rodovia esvaziar completamente, pode demonstrar perseverança, mas não estratégia. Você pode acreditar, em algum momento, que não virá mais ninguém, mas… e se vier? E se você causar um acidente? E se não correr a tempo? E se tropeçar? As incertezas são tantas que simplesmente aguardar o trânsito cessar não parece a melhor solução. A inteligência entra quando percebemos que nunca estaremos 100% seguros para atravessar e, por isso, precisamos encontrar alternativas.
Não se trata de desistir, mas de buscar novas soluções. Talvez seja possível construir uma passarela. Algo que, à primeira vista, pode parecer impossível—atravessar aquela rodovia movimentadíssima. Mas você vai lá e prova a si mesmo que consegue. Uma passarela liga você ao seu sonho e garante segurança na travessia.
Claro, essa é uma metáfora. Na vida real, não podemos simplesmente sair construindo passarelas em rodovias, seja por falta de autorização, seja pela complexidade da obra. Mas, nas estradas dos nossos desejos e anseios, podemos.
Muitas vezes, estamos sofrendo em um emprego que nos desgasta ou em um ambiente familiar difícil. Ouvimos conselhos como "procure outro emprego" ou "saia de casa", mas sabemos que essas mudanças não são tão simples. As responsabilidades da vida adulta pesam sobre nós. Quando olhamos para o lado, vemos uma rodovia congestionada, impedindo-nos de atravessar. Esse tráfego representa nossas inseguranças: contas a pagar, aluguel, alimentação—o mínimo necessário para sobreviver.
Sofremos porque estamos apenas sobrevivendo. Mas, ao pensar em mudar, o medo nos paralisa. "E se eu for demitido? E se não conseguir pagar as contas? E se não tiver o que comer?" Assim, continuamos apenas imaginando a travessia, mas nunca a realizamos. O risco de sermos atropelados pelas circunstâncias é grande. Por isso, precisamos construir nossas próprias passarelas.
O primeiro passo? Guardar dinheiro. Criar um colchão financeiro nos dá segurança para, quando chegar a hora de atravessar, não ficarmos desesperados. "Ah, mas eu não consigo guardar nada." Consegue sim. Eu também achava que não conseguia—até perder meu cargo na prefeitura e precisar me virar com mil reais a menos por mês. Eu nunca tinha guardado dinheiro, mas, de repente, tive que aprender.
Até quando vamos viver dentro dos limites que a vida nos impõe? Até quando aceitaremos que nosso padrão de vida seja ditado apenas pelo que ganhamos hoje? Precisamos nos valorizar. Construir nossa passarela, guardar um pouco para que, seja por escolha ou necessidade, não fiquemos sem saída.
Se eu tivesse construído a minha, não teria passado pela turbulência financeira que enfrentei. Me vi no meio do trânsito, desviando como podia, sem segurança. Parcelando o conserto do carro no cartão, assumindo dívidas futuras porque contava com um salário que não existia mais.
Foi então que, esperando meu namorado sair do trabalho, vi uma mulher atravessando uma passarela sobre a rodovia. Abaixo dela, um caos: carros, caminhões, barulho, ultrapassagens. Mas ela seguia tranquila, como se nada daquilo pudesse atingi-la.
Pensei: "Eu quero essa tranquilidade para a minha vida. Não quero que as tribulações me definam. Quero construir minha passarela para que, quando estiver pronto para seguir meus sonhos, eu não tenha medo das dificuldades."
E não se trata apenas de finanças. Meu sonho é viver da escrita, então preciso aprimorar minha escrita. E, para isso, preciso escrever. Num mundo onde a inteligência artificial assume cada vez mais postos de trabalho, esse sonho pode parecer distante. Mas persistência e inteligência fazem a diferença. Não adianta escrever algo que uma IA poderia produzir. Preciso escrever sobre o que nenhuma IA tem: experiências reais.
Sobre ter levado um tombo no trabalho e encontrar inspiração em uma passarela para me levantar. Não é só sobre o texto em si, mas sobre ressignificar nossas vivências e aprender com elas. Só vivendo na prática entendemos o quanto dói, o quanto é difícil. E só assim conseguimos enxergar uma luz no fim do túnel—ou melhor, no fim da passarela da nossa vida.
A escrita, para mim, é isso. É superação, conquista. É olhar para algo simples e ver um significado muito maior.
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